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Foto do escritorGisele S. Corrêa

Interação entre Depressão e Autismo em Crianças

A saúde mental das crianças é um campo complexo, onde múltiplos transtornos muitas vezes se entrelaçam, tornando a identificação e compreensão um desafio constante para profissionais da área. A relação entre a depressão e o autismo em crianças é um desses pontos intricados, onde a sobreposição dos sintomas pode gerar confusão e dificultar o diagnóstico adequado.


O autismo, um espectro de condições neurológicas, muitas vezes está acompanhado por uma série de desafios emocionais. A depressão, por sua vez, é uma das condições que podem coexistir com o autismo, criando um ambiente complexo para identificação e tratamento.


Crianças no espectro autista podem apresentar sinais de depressão que, inicialmente, podem ser confundidos como parte integrante do próprio autismo. A dificuldade de comunicação, a falta de habilidades sociais desenvolvidas e a sensibilidade sensorial exacerbada podem levar à retração social e ao isolamento, sintomas compartilhados entre a depressão e o autismo.


A camuflagem da depressão sob os traços do autismo é uma realidade desafiadora para profissionais de saúde mental. Muitas vezes, os sinais depressivos podem ser subestimados ou mal interpretados como características inerentes ao espectro autista. Isso pode resultar em um diagnóstico tardio ou até mesmo na ausência de intervenção adequada para tratar a depressão.


Por outro lado, a presença de depressão em uma criança pode obscurecer a identificação precoce do autismo. Os sintomas depressivos podem se sobrepor e mascarar certos traços do espectro autista, tornando difícil para os profissionais diferenciar entre os dois.


 

Sintomas atípicos de depressão e comportamentos a observar em crianças com TEA


Os sintomas de depressão em crianças podem ser diferentes dos observados em adultos. Em vez de tristeza constante, podem apresentar:

  • irritabilidade;

  • comportamento agitado;

  • queixas frequentes de dores físicas;(como dor de estômago ou cabeça);

  • dificuldade de concentração na escola;

  • comportamento de risco.


Dado que muitos indivíduos com condições do espectro do autismo têm deficiências significativas na comunicação, estados subjetivos de tristeza, desesperança ou desinteresse podem ser extremamente difíceis de expressar. Nesses casos, a identificação e o diagnóstico da depressão basearam-se em grande parte em comportamentos externos ou em mudanças no estado mental inferidas a partir de observações dos pais ou cuidadores.


Os comportamentos observáveis ​​relatados pelos cuidadores e documentados na literatura incluem aumento da tristeza, choro, apatia ou um afeto cada vez mais negativo.


Além disso, anedonia (falta de prazer nas atividades que antes gostava), sinais vegetativos como distúrbios do sono e do peso, ou declínio no desempenho/regressão de habilidades foram observados em jovens com autismo.


Tanto a intensificação quanto a diminuição da sintomatologia autista foram relatadas com o início da depressão. 


A intensificação dos traços autistas inclui aumentos no comportamento ritualístico ou nas obsessões, muitas vezes associadas à irritabilidade e hiperatividade. 


Menos frequentemente associada à depressão, mas que também pode ocorrer, é a perda de interesse em comportamentos repetitivos e preocupações autistas que acompanham um maior retraimento social e uma diminuição do funcionamento adaptativo. 


Muitos estudos na literatura demonstram que o desvio dos sintomas autistas em relação à linha de base pode indicar um episódio depressivo. 


Se houver preocupações, é essencial buscar a orientação de um profissional de saúde.


É essencial um entendimento aprofundado das nuances entre depressão e autismo para oferecer um suporte eficaz. Estratégias de avaliação cuidadosa, que levem em conta os diferentes aspectos comportamentais e emocionais, são cruciais para identificar cada transtorno separadamente e oferecer intervenções terapêuticas apropriadas.


A intervenção precoce é fundamental para crianças que enfrentam essas complexas interações entre a depressão e o autismo. Uma abordagem multidisciplinar, envolvendo psicólogos, psiquiatras e terapeutas especializados, é essencial para compreender a natureza única das necessidades de cada criança e oferecer um plano de tratamento holístico e personalizado.


Em suma, a relação entre depressão e autismo em crianças é uma área desafiadora que requer uma compreensão profunda das complexidades de cada transtorno. A detecção precoce, o entendimento dos sintomas sobrepostos e a abordagem personalizada são cruciais para oferecer um apoio eficaz e melhorar a qualidade de vida das crianças que enfrentam essas condições.



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